Ternura e compaixão eternas. Misericórdia e bondade sem limites. Os atributos de Deus apresentados no Salmo 24, ao mesmo tempo que animam e consolam, também constrangem. Coloca-nos como destinatários de algo que recebemos por graça e não conquistamos por mérito. Acreditar firmemente nesta verdade faz perder o sentido de grande parte de nosso orgulho, de nossa prepotência e de nosso espírito de competição. Todos somos, da parte de Deus, igualmente amados e abençoados.
Apesar de ser maravilhosa, tal constatação, se buscamos ser de fato consequentes em relação ao que cremos, nos leva a uma consciência salvífica que não nos deixa ficar parados. O amor que o Senhor revela por nós e por todos, passamos a desejar que de fato alcance a todos. Foi este o convite que seduziu os primeiros Apóstolos a quem Jesus convidou enquanto realizavam suas atividades cotidianas. Ao ouvirem a voz do Mestre, Simão, André, Tiago e João foram capazes de escutar, num só convite a declaração do Amor de Deus por eles e a convocação para serem portadores deste mesmo Amor.
Num mundo marcado por fortes experiências de dor e de desamor, sentir-se amado por Deus é privilégio e também compromisso. Se, em Cristo, o Amor se fez um de nós, agora é hora de nos fazermos amor uns para os outros, de acordo com as urgências e circunstâncias, quando este amor encarnado pode se tornar um prato de comida, uma sacola de mantimentos, um gesto de gentileza, um minuto de atenção, uma dose de vacina…
Frei Gustavo Medella