Carta aberta ao Bom Burrinho

Bom Burrinho que conduz Jesus, hoje desejo me dirigir a você!

Primeiramente gostaria de dizer-lhe um “muito obrigado” pela docilidade de oferecer seu dorso nunca montado para conduzir o Mestre. Você poderia ter se revoltado, dada sua pouca idade, poderia ter empacado diante do tumulto e da movimentação que lhe eram pouco comuns. Mas nada lhe abalou. Silenciosa e docemente você adentrou a história da salvação e, por isso, até hoje é lembrado ano após ano quando se proclama, no Domingo de Ramos, o Evangelho de São Marcos (Mc 11,1-10).

Em segundo lugar, dirijo a você e a seus coirmãos meu sincero pedido de desculpas, pois com frequência seu nome é invocado para designar alguns seres humanos que não fazem bom uso da inteligência que Deus lhes concedeu. Quanta injustiça, Bom Burrinho! Afinal, você, dentro do projeto ao qual foi chamado no todo da Criação, busca dar conta de suas tarefas. Sua teimosia, quem sabe, não seja uma prova de nossa arrogância e falta de jeito em lidar com as criaturas com as quais o Senhor povoou o planeta? Sendo assim, é verdadeira ofensa a você quando o comparamos com um de nós. Afinal, você não tem maldade, não é preconceituoso, não se deixa levar pela ganância e pela vaidade, não trama o mal contra ninguém. Você, Bom Burrinho, nunca usou o nome de Deus para atender seus próprios interesses. Por isso, perdoe-nos, de coração, pelas repetidas ofensas proferidas a você quando o comparamos conosco. Ah, se pudéssemos aprender com você! Certamente o mundo seria um lugar melhor.

A terceira palavra, Bom Burrinho, é “Vá com Deus!”. Conduza bem e com segurança nosso Senhor. Afinal, Ele é Deus que se torna frágil e simples e, por isso, necessitado de apoio. Ele vai precisar de muita força para manter-se firme e fiel diante dos sofrimentos e dores que vêm pela frente. Leve-o com segurança e não o abandone, como diversos de seus discípulos o fizeram. Vá em paz, Bom Burrinho, e que nós possamos aprender de você a generosidade de carregarmos Jesus conosco todos os dias de nossas vidas.

 

Frei Gustavo Medella

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