A indescritível alegria da partilha

Para dar certo na vida não basta passar bem. O ser humano não é apenas um animal faminto de prazer e de bem-estar. Ele é feito também para cultivar o espírito, conhecer a amizade, experimentar o mistério do transcendente, agradecer a vida, viver a solidariedade. (José Antonio Pagola)

 

  • Não há dúvida o homem é mais do que seus bens, sua conta bancária, seus recursos econômicos. As palavras de José Antonio Pagola mencionadas norteiam nossa reflexão, a maneira de nos posicionar diante dos bens. De graça recebemos, de graça damos. Nossa existência é partilha não somente de bens materiais, mas, sobretudo, de nós mesmos, do melhor que brotou dentro de nós com nosso contato com a fé e nossa convivência com Cristo ressuscitado ao longo do caminho da vida.
  • O homem da parábola teve muita sorte na vida. Teve grande colheita. O agronegócio deu certo. A terra, a chuva, o tempo clemente foram lhe sorrindo. Com tanta abundância precisou pensar em levantar novos galpões e amplos celeiros. E assim, garantido, podia aproveitar a vida “Eu poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita”.
  • Os bens materiais são necessários para que possamos levar a uma vida digna: casa decente, roupa para o corpo, alimento para a mesa, férias para o espírito e o corpo. Não somos espíritos desencarnados. Os bens materiais, os avanços da técnica, os sucessos das pesquisas médicas tudo vem em benefício do ser humano e em respeito pela sua dignidade. Lutamos e lutaremos para que os mais desfavorecidos possam, o mais breve possível, ter os recursos para que levem uma vida digna e tenham mesmo a abundância das coisas necessárias.
  • A sociedade de consume pode, no entanto, olhar com muita paixão os bens materiais, o desejo de ter, de ter sempre mais. A sociedade da produtividade, da concorrência da pressa vai nos esterilizando por dentro. Vamos colocando nossa convicção no poder, no prestígio, no lucro, no ter mas e até mesmo nem sempre um ter lícito e esquecendo-se somos companheiros de viagens de tantos e tantas que carecem de tudo.
  • Somos mistérios ambulantes. Não somos donos de nossa vida. Alguém nos inventou. Somos hóspedes na humanidade. Somos com os outros. Só somos com os outros. Deles dependemos e eles dependem de nós numa interminável cadeia de solidariedades. Com a mãe e o pai, com a escola e os amigos, com o pão e a água, o sol e a chuva. Juntos. Debaixo de um mesmo guarda-chuva. Levantando os caídos, ajudando os velhos a andarem, fazendo com que os casados aprendam se estimar. Partilha de vida, do tempo, das riquezas que Deus coloca dentro de cada um. Partilha dos bens com os de perto e os de longe. Engajamentos em campanhas que promovam uma distribuição sadia dos bens e  combata toda forma de corrupção.
  • Palavras de José Antonio Pagola: “O dinheiro pode dar poder, fama, prestígio, segurança, bem-estar… mas na medida em que escraviza a pessoa, fecha-a para Deus Pai e faz esquecer a condição de irmão e a leva a romper a solidariedade com os outros. Deus não pode reinar na vida de que está dominado pelo dinheiro. A raiz profunda está em que as riquezas despertam em nós o desejo insaciável de ter mais. E então cresce na pessoa a necessidade de acumular, capitalizar e possuir sempre mais (Pagola, Lucas p. 206).

Frei Almir Guimarães


Oração

Converte-me primeiro a mim
para que eu comunique a outros a Boa Notícia.
Dá-me a audácia.
Neste mundo cético e autossuficiente
tenho vergonha e medo.
Dá-me esperança.
Nesta sociedade receosa e fechada,
eu também tenho  pouca confiança nas pessoas.
Dá-me amor.
Nesta terra insolidária e fria,
eu também sinto pouco amor.
Dá-me constância.
Neste ambiente cômodo e superficial
eu também me canso facilmente,
Converte-me primeiro a mim
para que eu comunique a Boa Notícia

(P.Loidi)

 

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