A fiação humana

Durante as festividades do Sagrado Coração de Jesus me peguei perguntando de que humano falamos, quando dizemos que Jesus veio para salvar os homens? A fé nos diz que ele mesmo se revestiu dessa carga humana, aonde nem o próprio homem foi capaz de ir.

Mas, que humano é esse que transparece no aviso ininterrupto do Sagrado Coração, apontando o coração ao peito, com um dedo indicador? Na verdade, é uma seta de aviso: É aqui! Prestem atenção, porque é aqui!

Há, na verdade, muitas formas de entender o fenômeno humano.

Numa das pontas, há o homem histórico, resultado da ação de instituições e engrenagens, sobretudo, sociais e econômicas, em que se realiza o intercâmbio com os outros homens e onde acontece o essencial das trocas responsáveis pela adaptação e sobrevivência.

Na outra ponta do mesmo cordão-de-ouro, encontramos o homem psicológico, com intensidades que vão além do campo racional, e são pressentidas nas experiências de amparo e desamparo, na tolerância em lidar com as angústias e reagir a elas.

A teologia, enquanto ciência e vivência – duas asas sem as quais é impossível alçar voo – se orienta a partir do terreno da subjetividade, e da exigência de encontrar o humano do ser, onde ele estiver, sobretudo, no meio dos outros sujeitos humanos.

A subjetividade é uma aparição singular e vertical: ela só pode ser efetuada no campo horizontal das experiências humanas. Trata-se sempre de um acontecimento único, mas que jamais dispensa o encontro com os outros acontecimentos. Um homem só sabe que existe em meio aos outros homens.

Isso nos faz complexos como o universo e as estrelas.

Essa é a trama da fiação humana. É para o sentido dessa fiação que nos aponta o Sagrado Coração. É ele o fio-de-ouro que tece a roupagem humana, pobre, porém, desejada por Deus, desde sempre.

Dom José Francisco Rezende Dias
Fonte: site da Arquidiocese de Niterói

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