A boa política a serviço da paz

Em 8 de dezembro de 1967, o Papa São Paulo VI escreveu uma mensagem e propôs à Igreja e ao mundo que o primeiro dia do ano civil fosse celebrado como Dia Mundial da Paz. Seu propósito estava formulado com essas palavras: “Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o «Dia da Paz», em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1º de janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”. Desde então, para o início de cada ano civil divulga-se uma mensagem pontifícia.

Para o dia 1º de janeiro de 2019, 52º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco escreveu sua mensagem intitulada “A boa política está a serviço da paz”. Todos sabemos o quanto a paz é vulnerável a diversos fatores. A cada ano registram-se muitos conflitos bélicos, atentados terroristas, perseguições políticas e religiosas, ditaduras, inúmeras práticas contra os direitos fundamentais da pessoa, conflitos no campo, assassinatos de lideranças. É espantoso o número de homicídios na escalada da violência, sobretudo nas grandes cidades, acentuada pela desigualdade social e pelos mecanismos do tráfico de drogas e de armas, entre outras razões. A vida humana parece pouco ou nada valer.

Citando o poeta Charles Péguy, o Papa Francisco, em sua mensagem, pontua como “a paz parece-se com a esperança… é como uma flor frágil, que procura desabrochar por entre as pedras da violência”. E a política é o “meio fundamental para construir a cidadania” e promover o respeito à vida, à liberdade e à dignidade das pessoas, como forma eminente de caridade. Portanto, a construção da paz passa, também, pela política.

Para o Papa Francisco “a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária: a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»; a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado…, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo; a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro”.(…)

 

Dom João Justino de Medeiros Silva
Fonte: site CNBB

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